Emoções alteram a pressão sangüínea, a freqüência cardíaca e a quantidade de hormônios. Afinal, o que acontece com seu corpo com a mudança de humor?Sempre que brigamos com uma pessoa que é importante para nós, sentimos o sangue ferver e o coração bater mais rápido. A pressão sangüínea aumenta e o sistema imunológico tem seu funcionamento reduzido. Neste momento, a pessoa tem mais chances de sofrer um ataque cardiorrespiratório. Ao contrário da raiva, a paixão e o carinho fazem com que o corpo relaxe, além de fortalecer o sistema nervoso e aliviar o estresse. O sentimento de ser amado também contribui para a recuperação do organismo e aumenta a taxa de hormônios antienvelhecedores. Veja, a seguir, como os sentimentos agem sobre seu corpo.PAIXÃOCientistas da Universidade de Pavia, na Itália, descobriram que apaixonar-se eleva os níveis do fator de crescimento nervoso (NGF, na sigla em inglês). Essa substância, que atua como um hormônio, ajuda a restaurar o sistema nervoso e melhora a memória. Ela também está presente nos estados de paixão intensa e de felicidade, que traz um efeito calmante à mente e ao corpo. Infelizmente, os níveis de NGF decrescem após um ano, fazendo com que as distorções de avaliação criadas pela paixão cedam lugar à realidade.ESTRESSEUma equipe de pesquisadores do University College de Londres, na Inglaterra, anunciou recentemente que o estresse eleva os níveis de colesterol, aumentando o risco de doenças. É mais um reforço a um quadro preocupante.De acordo com Robert Sapolsky, professor de ciências biológicas da Universidade de Stanford (EUA) e especialista em estresse, níveis altos constantes de cortisol, hormônio relacionado à resposta do estresse, enfraquecem a memória e a precisão, debilitam o sistema imunológico, causam cansaço e depressão. O estresse que dura anos faz os níveis de glicose e de ácidos graxos no sangue subirem, aumentando o risco de problemas cardiovasculares e de diabete. Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA) constataram que rir relaxa os músculos tensos, reduz a ação de hormônios causadores de estresse, abaixa a pressão sangüínea e aumenta a absorção de oxigênio no sangue. Cardiologistas do Centro Médico da Universidade de Maryland descobriram que a risada pode reduzir o risco de ataque cardíaco ao conter o estresse. Como pode movimentar 400 músculos, uma boa risada também serve para queimar calorias. Alguns estudiosos estimam que rir 100 vezes equivale a dez minutos malhando na esteira ou a 15 na bicicleta. RAIVADeixar transparecer ou reprimir a raiva prejudica a saúde. Pesquisa feita em Michigan (EUA) comprovou que mulheres que suprimem a raiva têm o dobro de chance de morrer de ataque cardíaco, câncer ou derrame. A explosão de raiva dura só alguns minutos, mas causa grande impacto no nível de adrenalina, na pressão sangüínea e nos batimentos do coração, aumentando o risco de ataque cardíaco e de derrame. Formas sutis de demonstrar a raiva, como irritabilidade, impaciência e nervosismo, também fazem mal à saúde, ao debilitar o sistema imunológico e aumentar os riscos de infecção.LÁGRIMASChorar faz bem à saúde, pois alivia a tensão. Toda vez que choramos expelimos as emoções negativas (substâncias químicas) do nosso organismo, melhorando a nossa saúde. Ao menos é o que assegura William Frey, um bioquímico norte-americano. Ele comparou as lágrimas das mulheres que choravam por motivos emocionais com as das que choravam enquanto descascavam cebola e constatou que as primeiras tiveram ganhos de saúde com isso.Exibindo altos níveis de hormônios e neurotransmissores associados ao estresse, as lágrimas delas ajudaram a baixar a pressão sangüínea e a pulsação, além de facilitar a emissão de padrões de ondas cerebrais mais sincronizadas. Com isso, Frey deduziu que o objetivo do choro emocional é eliminar substâncias químicas relacionadas ao estresse. Se isso não ocorre, a pessoa continua tensa – o que abre as portas para o enfraquecimento imunológico e para falhas da memória, além de problemas digestivos. CIÚMEDe todas as emoções humanas, o ciúme é um dos sentimentos mais fortes e corrosivos – e o mais difícil de se controlar. Enquanto os homens se tornam ciumentos quando suspeitam de competição sexual, as mulheres sentem ciúme quando suspeitam de traição emocional. "Ciúme é uma emoção complexa que mistura medo, estresse e raiva", diz a médica inglesa Jane Flemming. "Uma pessoa, no ápice do ciúme, terá aumento da pressão sangüínea, dos batimentos cardíacos e dos níveis de adrenalina e da ansiedade. Além disso, ainda haverá o enfraquecimento do sistema imunológico e a maior possibilidade de insônia."CARÍCIASHyla Cass, professora de psiquiatria da Universidade da Califórnia (EUA), afirma que casais enamorados têm vontade de se tocar e trocar carícias graças à ação de um hormônio, a oxitocina. Por sua vez, as carícias estimulam a liberação de deidroepiandrosterona (DHEA, na abreviatura em inglês), um hormônio que ativa a restauração celular no organismo. As mesmas características foram observadas em outras formas de toque, como massagem.O médico Mehmet Ox, do Hospital Presbiteriano de Columbia (EUA), tem aplicado massagens regularmente em pacientes submetidos a cirurgias de coração aberto e transplantes cardíacos, baseado em estatísticas que mostram que esse tratamento tem ajudado a reduzir as complicações pós-operatórias e a encurtar o tempo de recuperação. GRATIDÃOAssim como no caso das carícias, é a oxitocina que age quando sentimentos de gratidão (e também amor e felicidade) aparecem, assinala Rollin McCraty, do Institute of HeartMath (EUA), estudioso das relações entre as emoções e a saúde física. Segundo ele, esse hormônio secretado pelo coração desativa o estresse ao levar o sistema nervoso a relaxar e aumenta significativamente a oxigenação dos tecidos, bem como a capacidade de cura. "Observando eletrocardiogramas, descobrimos que a gratidão também está associada a uma atividade elétrica mais harmoniosa ao redor do coração e do cérebro, estados nos quais esses órgãos podem trabalhar de forma mais efetiva."DEPRESSÃODepressão, pessimismo e apatia têm relação direta com níveis baixos de serotonina e dopamina, dois neurotransmissores ligados ao bem-estar. "A serotonina tem um papel na regulação da percepção de dor e poderia ser a razão por que 45% dos doentes com depressão sofrem de dores", explica Jane Flemming. "O desânimo também está ligado a sono insuficiente, fadiga e disfunção sexual. Como a serotonina está relacionada a sentimentos de desejo, isso também pode ser associado a níveis baixos de neurotransmissores."Como LIDAR com suas emoções
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A Medicina do Bom Humor
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