Ajudar e ser ajudadoVia Blog: Cova do Urso


Há muitas alturas da vida em que precisamos de ajuda e o apoio que solicitamos parece não estar disponível. Podemos amaldiçoar a sorte ou sentir que somos uma vítima das circunstâncias e perguntamos, "Por que será que isto me está a acontecer?"

Existem muitos factores que contribuem para a receptividade à ajuda, sobretudo as questões do livre-arbítrio e da escolha individual, mas o factor mais significante é a capacidade e a vontade de pedir. Precisamos aprender a receber a ajuda que realmente necessitamos e desejamos. Precisamos aprender a pedir a ajuda que necessitamos.

Antes de mais, temos que perceber o seguinte: quando as pessoas precisam de ajuda e outras lhes oferecem o respectivo auxílio, a resposta a esse auxílio é crucial para a qualidade da ajuda que irão receber. Por exemplo, se visses uma pessoa a carregar com dificuldade uns sacos pesados e disponibilizasses a tua ajuda, ficarias mais apto a ajudá-la, se a pessoa respondesse depressa e afirmativamente.

Por hábito, as pessoas recusam a ajuda ou são lentas a responder. Terias de te esforçar muito mais e despender mais energia para aliviar a pessoa do peso que carrega. Caso a pessoa não quisesse realmente a tua ajuda ou se sentisse constrangida em a aceitar, sentindo-se na obrigação de a recusar, seria normal que optasses por não voltar a oferecer a tua ajuda. Certas pessoas estão tão mentalmente treinadas a resistir ao apoio que necessitam, que obrigam as pessoas que se estão a oferecer a esforçarem-se várias vezes mais do que o necessário.

A maioria de nós já desempenhou ambos os papéis. Todos nós só temos a ganhar se aprendermos a aceitar a ajuda que nos oferecem, bem como a oferecê-la aos outros. Em muitas situações, a necessidade a satisfazer é menos óbvia do que ajudar alguém a levar sacos pesados e, normalmente, essa necessidade passa bastante despercebida, a menos que a pessoa que precise de ajuda esteja disposta a pedi-la.

Em várias relações (pessoais ou profissionais), as pessoas têm tanto medo de serem vistas como vulneráveis, incompetentes ou mal sucedidas que lutam sozinhas com tarefas muito grandes. Normalmente, esta situação acontece em ambientes profissionais competitivos e desprovidos, do topo ao fundo da hierarquia, de um espírito saudável de trabalho de equipa. Costuma haver muito medo em pedir o apoio aos outros, para não serem considerados incapazes de fazerem o seu trabalho. Também acontece temerem que um colega ambicioso assuma as suas responsabilidades e lhes tire o cargo (emprego/salário).

Se, nas nossas relações humanas, não pedirmos ajuda, nunca aprenderemos uns com os outros nem construiremos parcerias de apoio. Se necessitas de ajuda, pede-a. Uma indicação da tua disponibilidade ao apoio é tudo o que é necessário. Ao pedires ajuda, estás a usar o teu livre-arbítrio no sentido correcto, autorizando que os outros intervenham. Ou, então, co-cria mentalmente esse pedido... Não te esqueça de agradecer.

[Artigo publicado no dia 26/7/2008, aqui.]


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