Se tu queres conhecer o mundo,
Olha primeiro em teu próprio coração.
Se tu queres conhecer a ti mesmo,
Dirige teu olhar ao Universo;
Rudolf Stainer
A coisa mais misteriosa e a menos acessível ao pensamento científico atual é o enigma da forma.
Como uma forma pode nascer ? Nós não poderíamos exprimir este problema do que com uma crinaça, citada por C. Cesbran. "A pequena criança pergunta ao escritor : - "Como você sabia que havia um cavalo escondido na pedra.?" Pois uma forma, seja ela pertencente ao homem, um animal, a uma planta ou mesmo um objeto é, antes de mais nada, uma idéia. Ela existe no plano espiritual antes mesmo de aparecer no mundo físico. Nunca é a matéria que cria a forma, as forças plamasmadoras que se cumprem e morrem na matéria.
A forma humana se realizou por etapas. Ela foi sucessivamente atravessando os diferentes estados animais e, um após o outro, ultrapassando-os e rejeitando-os. As idéias das formas animais, seus arquétipos, eram reconhecidos pelos antigos no céu. Nossos ancestrais longínquos percebiam ainda forças criadores que emanavam do mundo espiritual e as exprimiram sob a forma imaginativa, que chamaram "o círculo dos animais", o zodíaco, pois aquilo que se manifestava às suas consciências, quando contemplavam o céu estrelado era o arquétipo dos animais. À medida que nossos órgãos sensoriais, se desenvolveram, a visão espiritual se esvaiu e, ali onde os antigos percebiam ainda os arquétipos, nós não vemos mais que constelações.
Entre esses arquétipos e sua reprodução material um intermediário se faz necessário; é o caso do escultor mencionado acima e, ainda, dos Elohim, os espirítos da forma dos quais fala a Gênese. Não são essas forças criativas que nós queremos estudar aqui, mas a relação entre os arquétipos e as formas humanas.
Aquilo que os antigos percebiam desses arquétipos, eles os representavam. Eles desenhavam as formas animais que sabiam ter relações com a forma humana. Assim, as diferentes imagens do Zodíaco foram postas em relação ás diferentes regiões do corpo. São nessas relações que tentaremos aprofundar-nos. A fim de nos lembrarmos, olhemos a figura abaixo :
Numa conferência, Rudolf Steiner mostra como processos formativos, partindo do cosmos, se interiorizam progressivamente: "Com, a cabeça pegamos o cosmo em nós". Nosso crânio é a imagem da abóboda celeste. O fato de pensar é também uma maneira de interiorizar o cosmo sob a forma de pensamento cósmico. Nós cremos, um pouco orgulhosamente e ingenuamente, que nós mesmos criamos nossos pensamentos; na verdade, pegamos a substância do cosmo com a ajuda do cérebro que nada mais é do que um instrumento de tomada de consciência.
O homem pode ser considerado como uma planta invertida : raízes na cabeça, folhas no torax e frutos no abdomem e membros. Se estudarmos estrutura atômica do cérebro, descobriremos uma infinidade de filetes nervosos finamente ramificados que, como as raízes, vão captar pensamentos vindos do cosmo.Esses pensamentos são em seguida formados como se fosse uma planta a partir de substâncias que as raízes puxam do solo. Lembremo-nos também que nos contos a àrvore é frequentemente a imagem do sistema nervoso - mas no homem deve-se, bem entendido, representá-la invertida.
Em "A Direção Espiritual da Humanidade", Rudolf Stainer diz que se pudéssemos fotografar, no instante do nascimento, o cérebro com a cabeça virada para trás, ou seja, virada para o cosmo e o passado. Isso não nos surpreenderá mais se soubermos que as forças que estruturam a cabeça provêm da encarnação precedente. Assim a cabeça é a imagem do passado. O pensamento por si só, a representação, só pode fazer referência àquilo que já existiu : ao passado. Nós tanto podemos, certamente projetar nosso pensamento para o futuro, mas não projetaremos assim nada mais do que imagens provindas do passado.
Assim as forças de Àries forma a nossa cabeça (mais exatamente nosso crânio) com aquilo que trazemos de encarnações passadas. São essas forças as primeiras a atuar. A cabeça, e mais especialmente o sistema nervoso, inicia o desenvolvimento embrionário. Se só essas forças de Àries atuassem, nós seríamos um organismo esférico, cósmico, mais incapazes da vida terrestre.
Com Touro começamos descer a Terra. Não é mais cosmo que olhamos, mas o que rodeia de imediato. Os herbívoros, com disposição lateral de seus olhos, têm um ângulo de visão muito amplo e percebem tudo aquilo que se passa ao seu redor. Com Touro, que os antigos representavam pulando, interiorrizamos o movimento (R. Steiner). À cabeça imóvel segue-se o pescoço - a região do Touro - que nos permite a execução de movimentos em todas as direções; flexões de frente para trás, da direita para a esquerda, assim como as rotações em torno do eixo vertical. Entramos assim dentro de um sistema de três dimensões, característico do mineral Terra. A região do pescoço (e com ela a face, que pertence também a Touro) possui uma aptidão particular para o movimento: as cordas vocais e lábios, os instrumentos da fala.
Partindo dos espaços cósmicos, atravessamos nosso meio imediato e abordamos agora o limite externo de nosso organismo, a pele. Essa abordagem é a mesma que quando nós nos tocamos. Tomamos consciência de nós mesmos como o fazemos tocando as outras pessoas, com diferença que essa tomada de consciência é dupla. Assim quando juntamos as mãos em oração, a mão direita toma consciência da mão esquerda e a esquerda da direita. Por esse duplo contato a consicência de si mesmo se intensifica.
Continua.... Parte 2
Excertos do Livro de Gudrun K. Burkhard : As Forças Zodiacais e sua atuação na alma humana.
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