A Expressão do Zodíaco no Corpo Humano Parte 2



De uma maneira mais geral, podemos dizer que, com os Gêmeos, o homem direito, toma consciência do homem esquerdo e o homem esquerdo do direito. Confrontar a direita com a esquerda é tomar consciência da diferença. Na sua maravilhosa miniatura "Três Ricas Horas do Duque de Berry", Pol de Limbourg representou o homem em relação com os signos do zodíaco. Ao longo de cada braço ele colocou um dos gêmeos, simbolizados por uma mulher à esquerda e um homem à direita. À esquerda da imagem figura, em medalhão, um homem e uma mulher, para também simbolizar os Gêmeos; estes são mais frequentemente representados por crianças. Sem dúvida, o artísta quis por esse dimorfismo, insistir na diferença entre a esquerda e a direita, mais ativa. Essa confrontação entre o homem esquerdo e o direito, a tomada de consciência de suas diferenças, é muito importante. Imaginem por um instante que os dois lados fossem rigorosamente simétricos, que a esquerda também fosse igual a direita. Os dois lados seriam separados por um plano de simetria rigoroso - o espelho - não deixando nenhum espaço entre os dois. Nós seríamos seres matemáticos, seres mortos. A diferença entre a esquerda e a direita cria, de uma certa maneira, um espaço permitindo o Eu, à chama crística em nós, realizar o equilíbrio entre os impulsos luciferianos, vindos da esquerda, a os arimânicos, vindos da direita.

Sem um Eu reinaria só a dualidade, a característica dos Gêmeos. Do lado direito são as forças do corpo físico que predominam, do lado esquerdo são as do corpo etérico. (R. Steiner, "Antroposofia, Psicosofia, Pneumatosofia").
Por esse fato, o Eu - e com ele o corpo astral - é mais encarnado à direita, donde uma consciência mais desperta, enquanto a esquerda é mais submissa às influências etéricas mais desperta, enquanto a esquerda é mais submissa às influências etéricas e fica mais aberta às influências cósmicas com inclinação ao sonho - consciência das imagens.
Numa conferência feita a 8 de janeiro de 1924, a jovens médicos, Rudolf Steiner disse também que as linhas da mão esquerda refletem o carma do homem e a mão direita a atividade presente.
Com Gêmeos, chegamos à fronteira do organismo. Um passo a mais e estamos no interior de nós mesmos. E é isso que exprime remarcavelmente o Câncer, cujas patas torácicas desenham com que uma gaiola.


Em latim, Câncer significa caranguejo, mas também grade e cerca. As costelas não seriam as grades da caixa torácicas, a parte do corpo que corresponde à Câncer? Assim, com Câncer, nos recolhemos em nós mesmos, penetramos no nosso corpo físico. Com Gêmeos estávamos ainda no exterior, nos sentimos livres como se tivéssemos asas. Agora, estamos mergulhados em nosso organismo que, com efeito, comporta mais de 60% e água.
É isso que ilustra o conto de João e Maria, quando João, o EU, é preso numa casa de Bruxa. Esse processo de interiorização é encontrado novamente no desenvolvimento embrionário, quando o embrião se enrola e a cavidade tóraco-abdominal se forma na invaginação e se fecha sobre si mesma. É isso o homólogo da gasturação, facilmente observável nos anfíbios.
Observemos a caixa torácica. No seu conjunto ela tem uma forma arredondada, ela ainda "cabeça", mas cada costela isolada constitui um elemento alongado, de certa forma um membro. Na costela, diz Rudolf Stainer, temos o equilíbrio entre a cabeça e os membros, entre o cósmico e o terrestre. A mesma relação mesmo invertida, reencontramos a coluna vertebral : cada vértebra constitui uma espécie de pequena cabeça, com a parte da medula espinhal parecida com um pequeno membro, com a parte da medula espinhal parecida com um pequeno cérebro, mas a coluna, tomada no seu conjunto, é alongada e lembra um membro. Descobrimos ai uma interessante polaridade da caixa toráxica e coluna.
Retornando à costela - ela apresenta, vista de cima, uma forma espiralada, uma curvatura que se acentua da frente para trás, iniciando um turbilhão e lembrando singularmente a forma de símbolo do Câncer.
É interessante notar que a língua alemã utiliza a mesma palavra ("wirbel") para "turbilhão" e para "vértebra", e que a palavra "vértebre" (francês) tem efetivamente por raiz latino "vertere", entornar.
Somos assim levados ao conto de João e Maria. A casa do pão-de-mel e de açúcar e a bruxa são duas faces de um mesmo princípio feminino. Primeiro as crianças são acolhidas nesta casinha que lhes dá doçura e proteção, mas em seguida essa matéria, que tinha muitos atrativos vira prisão e os submete. Mater, a mãe, e matéria têm uma raiz em comum; a encarnação, que começa tão agradavelmente, não vem a ser para o EU e para a alma - João e Maria - a origem de muitas tribulações ?
De modo semelhante, toda a humanidade sonhava com um conforto materialista, vê que este se transforma, vê que este se transforma cada vez mais numa insuportável escravatura.
Se a relação entre o Câncer e a caixa torácica salta aos olhos, é menos visível, numa primeira abordagem, como esse signo pode ser relacionado ao asno. É ainda através dos contos de fadas que acharemos o fio condutor. O que simboliza o asno ?
Compreederemos melhor esse animal se o compararmos ao seu primo, o cavalo, do qual não possui a vivacidade. Vemos facilmente o cavalo galopar, crina e cauda ao vento, seu elemento. O asno, ao contrário, trota passivamente, sem deixar muito a terra; é a imagem da doçura e da humildade, assim como da modéstia; em sua montagem cinza, ele está próximo da terra e, desse modo, do corpo físico. Não é ele que se contenta também com o cardo, essa planta espinhosa que tenha ao mineral? Assim, se aproximarmos o cavalo às forças do ar e do corpo astral, o asno nos aparece como a imagem do corpo físico. Não é ele que se contenta com o cardo, essa planeta espinhosa que tende ao mineral ? Assim, se aproximarmos o cavalo às forças do ar e do corpo astral, o asno nos aparece como a imagem do corpo físico, do qual se tem resistência. Mas o corpo físico é, dos quatro elementos constituintes do homem, o mais velho, aquele que, no desenvolvimento, teve ínicio no "velho Saturno". Por esse fato, ele é também o mais aperfeiçoado, aquele que maior sabedoria encerra. O asno - o corpo físico - é portador dessa sabedoria, não para ele mesmo, mas para os outros, e, como vemos nos contos de Grimm, a distribui em forma de moedas de ouro, sacudindo-se.
É nesse representante do corpo físico que o EU se instala durante a encarnação, passando da luz cósmica para a obscuridade da matéria. Não temos consciência e nem acesso a sabedoria de todos os processos se desenrolam no interior do organismo " a não ser que desenvolvamos orelhas de asno", graças às quais os processos orgânicos internos sejam perceptíveis. O metabolismo, as transformações, se fazem no elemento líquido (o Câncer é um signo de água) seguindo as leis musicais sobre o efeito do éter dos sons, também chamado éter químico. Nesse sentido, o asno é um músico notável e é por isso que os antigos escultores o representavam, nos captéis das catedrais tocando harpa ou viola.

Lembremo-nos de Rudolf Steiner relaciona o sentido da audição a Câncer. Podemos entender também porque o asno, a imagem do corpo físico, está presente no nascimento de Jesus de Nazaré e porque Cristo criou Jerusalém nas costas de uma jumenta. Montar uma jumenta não seria dominar as forças do corpo físico, transformá-lo em Atma ou Homem-Espírito, esse corpo físico da ressureição, depurado da sustância, não tendo da matéria mais do que suas leis?

Continua ....

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